Ontem participei de uma das festas mais populares do Brasil, a Oktoberfest de Blumenau. Se o GPS não indicasse que estávamos no estado de Santa Catarina, diria que fui transportado para a Alemanha ou mesmo para meu passado em Panambi, RS. E isso é o gostoso deste país. A cada região, um país diferente, peculiar.
Essa sensação já havia ocorrido na noite anterior, quando fui com meus pais na Marejada. Você não conhece a Marejada de Itajaí ? É a maior festa portuguesa e do pescado do Brasil. Faz parte do conjunto de festas populares aqui nos entornos de Blumenau. Itajaí, cidade portuária e vizinha da badalada Balneário Camboriú, hospeda esta festa que celebra a cultura dos açorianos e do alimento que vem do mar.
Na Marejada, comi um bolinho de bacalhau maravilhoso e curti uma banda que discorreu grande parte dos sucessos da MPB. A disputa ficava com um restaurante ao lado com um show de fado e com as duas cozinheiras na banca em frente que preparavam o camarão e as iscas de peixe frito. Quando elas começavam a cantar, todo mundo se virava e acompanhava o seu embalo e animação, ao invés do show de MPB. Isso sim que é popular!
Quando a protagonista principal do palco cantou "Sou caipira, pira, pora, nossa. Senhora de Aparecida. Ilumina a mina escura e funda..." lembrei que esta música me veio a cabeça no dia 12 de outubro. Recém tinha vindo de um final de semana maravilhoso no interior de São Paulo (caipira), era dia de Nossa Senhora de Aparecida e começava o resgate dos mineiros no Chile (ilumina a mina escura e funda). Que coincidência, não ?!
Ontem fui com meu pai na principal festa da região que é a Oktoberfest de Blumenau. Estava muito boa. Com todas as tradições que lembro da cultura alemã e que fizeram parte da minha infância no interior do Rio Grande do Sul. Festa aqui, para a galera mais nova, não significa balada. Festa aqui representa um grande salão, com amplo espaço para mesas, para dança, a banda e bares para bebida e comida.
A disposição do ambiente é muito similar aos das festas que frequentava quando criança. As mesas grandes, com bancos para sentar e não cadeiras, servem para juntar um monte de gente em volta delas. Nada de pequenos grupos. A ideia é que todos se confraternizem. A pista de dança, assim como todo ambiente, é clara e iluminada. Ninguém deve ter vergonha de dançar, pois a dança é uma expressão de alegria. Ambiente familiar e aconchegante, no sentido literal da palavra. Tudo regado a muito chopp.
Estas duas noites me fizeram pensar na importância destes rituais. Como eles congregam as pessoas e celebram o lado gostoso da vida. São festas populares que as pessoas pagam para participar. Todos buscam felicidade e diversão. Isto faz parte das nossas vidas. Todos ali saíram mais leves, com certeza.
Quando penso na vida urbana que levo em São Paulo, pergunto-me: "Quais são as minhas Marejadas e Oktoberfests ?" Fica um certo vazio. Posso dizer que é o Carnaval no Sambódromo ? Seria a Festa Junina no colégio ou no clube. O Carnaval, sem dúvida, é nossa festa mais popular, mas, a grande maioria, aproveita para viajar. As festas juninas não parecem ter a mesma pulsão das duas festas que participei. São restritas e, às vezes, acho que ocorrem para cumprir tabela. Gostoso sim é participar de uma festa que as pessoas escolheram participar. Ninguém convidou e, ao mesmo tempo, todos se convidaram.
Recomendo. Participem das duas. Cultura catarinense, alemã, portuguesa e brasileira.
Diet, de tudo que você falou, eu fiquei de olho mesmo é na Marejada de Itajaí. Estou para fazer uma viagem ao sul com minha esposa e vou colocar isso no radar. Gostei do blog e de suas divagações. As vezes tenho impressão de estar lendo minha consciência... :) Abraços. Mauro.
ResponderExcluirDiet, hoje conhecei o blog. Parabéns pela iniciativa! Me identifico com a sua vontade de falar dessa "nova fase". Acredito que também estou passando por uma, com o nascimento do meu 1o filho.
ResponderExcluirGostei muito deste texto sobre as festas populares. Eu mesma sou uma que não abre mão de passar o Carnaval do mesmo jeito, há mais de 9 anos: Desfilando na Escola de Samba, no RJ. Muitas vezes as pessoas nem acreditam, mas desde que fui pela 1a vez, não consegui mais parar. Essa é a época que volto para minhas raízes e com quem sou na essência: Uma Carioca. Quando falo uma Carioca, não quer dizer que não sei reconhecer outras cidades, como a que moro hoje (SP). Adoro morar aqui, me adaptei muito bem e sou muito feliz. Falo é dessa coisa de lembrar de onde veio e valorizar tudo aquilo pelo que passou. Olhar o passado, pra aprender, reconhecer, agradecer e ser feliz com o presente e futuro. É assim que me sinto quando volto pro RJ nessa época e cumpro o mesmo ritual de desopilar a mente para o Ano Novo. Acho que todos deviam experimentar algo assim, seja Carnaval, Marejadas, etc.
Beijos e boa jornada.
Ana Carla.