domingo, 17 de novembro de 2019

A vida só apresenta caminhos alternativos para quem se move

A vida só apresenta caminhos alternativos para quem se move


Quem na vida já não passou por momentos em que se sente incomodado com a fase em que está vivendo, frente ao trabalho ou mesmo os desafios profissionais, mas fica um tanto paralisado, sem mudar a situação?  Não foi diferente comigo ao longo dos mais de 35 anos de carreira profissional até aqui. Em muitas dessas situações, encontrei alternativas sozinho e mudei o cenário. Porém, em três momentos importantes, fui buscar ajuda de um profissional, um coach, que me ajudou a refletir sobre o que de fato estava me incomodando e sobre alternativas de mudança e a encontrar um novo caminho a trilhar. Afinal, ficar parado não seria uma opção. Permita-me, então, compartilhar minhas experiências em cada um desses momentos decisivos na minha carreira. 
Meus primeiros 12 anos profissionais foram dentro de uma carreira técnica na área das Ciências da Computação, na qual me graduei. Foi um período praticamente só de ascensão profissional. Fui de técnico a gestor de área e atuei em várias empresas diferentes. Quando entrei na IBM, as dúvidas e anseios começaram a brotar. Abri mão de cargo gerencial e diminuí salário, mas apostei no longo prazo que nela vislumbrei. Após 2 anos na área de pré-vendas técnica, assumi cargo de gerente de contas de grandes empresas. A transição de uma carreira técnica para uma carreira em vendas não foi fácil. Migrei de um mundo mais controlado, onde eu dominava quase todas as variáveis, para um mundo menos controlável, em que novas competências eram necessárias. A ansiedade por lidar com estes novos desafios não me deixava tranquilo e, consequentemente, meus resultados ficavam muito aquém do grande profissional que fora antes. Foi neste momento que um amigo sugeriu-me procurar um coach profissional. 
A primeira experiência com um coach foi um tanto estranha. Nunca, até aquele momento, havia recorrido a um profissional a me ajudar a atuar sobre um problema, seja na vida profissional ou mesmo pessoal. Sempre lidei sozinho com os problemas e acabei saindo com as soluções do outro lado. Mas a Crismeri(*1) foi me deixando à vontade a cada encontro e juntos, acredito, fomos guiando o trabalho. Em um determinado momento, estava claro que na nova missão que havia assumido, novas competências, habilidades e preferências eram demandadas. Eu, porém, naquela altura da vida, não tinha um grande autoconhecimento. Não tinha realmente claro quais eram as minhas preferências e habilidades para lidar com desafios bem diferentes dos que havia enfrentado no meu primeiro terço da carreira. 
A Crismeri sugeriu aplicarmos uma técnica para ajudar a descobrir quem eu era em termos de preferências naturais. Passadas duas sessões, descobri que era um INTJ, ou seja, uma pessoa naturalmente introvertida, intuitiva e racional. Claro que não levei ao pé da letra o que aquelas quatro letras do MBTI (Myers-Briggs Type Indicator) queriam dizer, mas elas me ajudaram a perceber o quanto ser introvertido tinha a ver com a forma como eu, naquele momento,  dispendia e recuperava minha energia. Atuar na área técnica ou em relacionamento de vendas era muito distinto. Ser intuitivo era ótimo para um lado do meu trabalho, mas estar muito mais atento a fatos e detalhes do presente, era fundamental para lidar com os negócios. Enfim, fui aplicando aquele autoconhecimento adquirido e moldando a nova carreira às minhas preferências naturais. No ano seguinte, os resultados vieram e superei, em muito, as metas, sendo premiado por isso. 
Passados vários anos de novas mudanças e transições, também no campo pessoal, atingi uma fase bem madura em termos profissionais. Completei os 30 anos de carreira no mesmo ano em que fiz 50. Dá para imaginar o número de pensamentos e conflitos internos nessa fase da vida. Estava há 3 anos trabalhando na IBM em Porto Alegre e com a sensação de já ter completada a missão que me fora dada lá após a transferência, vindo de São Paulo. O meu incômodo interno começara a chamar a atenção da minha esposa e esta me recomendou procurar um terapeuta. Não era o caso, pois o problema não era pessoal e sim profissional. Lembrei do sucesso do meu trabalho de coach no passado e fui atrás de ajuda novamente. 
Nos encontros com Tatiana (*2), coloquei para fora todos os meus anseios com a carreia naquele momento. Falei das minhas dúvidas ligadas ao momento de vida profissional após os 50 anos, se deveria, enfim, sair da IBM, mudar completamente de área de atuação e muito mais. Foi um período de vários pensamentos passando pela cabeça e poucas alternativas claras. Novamente, fui submetido a algumas técnicas que me fizeram refletir sobre quem eu era, o que queria e do que gostava. Parecia besteira, mas, empenhado em realizar estas alternativas, fui me dando conta do que realmente importava, como se me vendo frente a um espelho.
Sai deste período de coaching com três importantes constatações que nortearam a minha carreira para os próximos anos. A primeira grande constatação foi que a indústria em que eu havia atuado até então, que era a Tecnologia da Informação, continuava uma grande paixão, continuaria sendo de extrema importância para o mercado e não havia necessidade alguma de eu mudar de área, desprezando o legado que já havia construído. A segunda era que não precisava sair da IBM, pois ela era grande o suficiente para me oferecer inúmeros outros desafios. Precisava, sim, sair da área em que atuava e voltar à São Paulo. A terceira e última constatação foi que, naquele momento de carreira, era importante fazer uma transformação profunda para atuar mais com conteúdo e inovação. O meu know-how seria o meu capital e eu precisava alavancar uma nova área de atuação dentro da TI. Menos de um ano depois do fim daquele coaching, já estava morando em São Paulo, trabalhando ainda pela IBM, deixara de ser Executivo de Outsourcing para atuar com Business Development, havia descoberto uma nova área de atuação, a Inteligência Artificial, e, para a qual, passara a investir horas e horas de estudos aos fins-de-semana. Um pouco mais à frente ainda, passei a liderar a área de Watson para América Latina. Como podem perceber, este não foi um caminho alternativo que veio por acaso. Foi fruto de movimentos que realizei, mas com ajuda inicial de um coach.  
            A última experiência é bem recente e estou vivendo em decorrência de seus resultados e, alguns destes, ainda nem coloquei em prática. Mas vamos a história. Há quase dois anos atrás senti que meu momento na IBM estava prestes a chegar a um fim e não queria que esse momento fosse uma surpresa desagradável. Também queria preparar uma nova carreira e sabia que ela poderia passar por Inteligência Artificial, já que era um campo da TI que eu havia aprendido a gostar muito, vinha estudando há quase 3 anos e trabalhava com ele na IBM. Resolvi buscar ajuda de um coach que pudesse me ajudar nesta transição. 
            No primeiro encontro com o Charles(*3), estava tenso, ansioso e cheio de “coisas” na cabeça. Ele, com sua larga experiência de vida profissional similar a minha, com suas habilidades naturais e com seus aprendizados na nova profissão de coaching, foi me acalmando e me ajudando a colocar para fora meus sonhos e desejos profissionais e pessoais e a realizar o meu ferramental atualizado de habilidades e competências. Tivemos conversas muito elucidativas e novamente provocaram uma imersão no autoconhecimento, bem mais profundo agora do que na minha primeira experiência com coaching. É incrível como as coisas foram ficando mais claras à medida que falávamos e eu executava ações que definia como consequência de suas provocações e estímulos. De uma ansiedade grande inicial, passei para, no nosso último encontro, uma enorme motivação e autoconfiança. Foi um processo similar a mudar da água para o vinho, mas cheio de caminhos e escolhas. 
            Com o Charles, realizei questões importantes como meu sonho antigo de passar uma temporada no exterior, sobre competências profundas em torno do aprendizado, da criação e do compartilhamento (sem esta, não estaria aqui escrevendo), sobre a longevidade profissional, mesmo que atuando de maneira distinta, e sobre o momento adequado para encerrar meu ciclo vitorioso dentro da IBM. Enfim, fui colocando em prática cada um destes aprendizados e realizando as ações necessárias para concretizar um plano transformador, saindo de uma posição de gestão de ofertas de Watson na IBM Brasil, em São Paulo, para a de estudante de Inteligência Artificial, em Toronto. Mas isto não é o fim, é apenas mais uma etapa na minha vida profissional necessária para alcançar novos desafios. 
            Se você ficar parado, nada mudará na sua vida. As alternativas surgem quando você começa a se movimentar. Entretanto, muitas vezes você não sabe para onde se mover e isto gera ansiedade, culminando novamente com a paralisia. Em várias fases da minha vida, fui buscar ajuda justamente para sair da inércia e começar a me movimentar. Às vezes, a ajuda veio de dentro de casa, da minha grande companheira, e às vezes, de amigos e colegas. Porém, ninguém consegue olhar, de fato, dentro de você e é aí que um coach profissional pode ajudar. Passei por isto em vários momentos e sei o quanto eles foram importantes para o realinhamento da minha rota. Só posso agradecer pela ajuda que recebi. Obrigado, Crismeri, Tatiana e Charles. 

*1 - Crismeri Delfino Corrêa – Possibilità
*2 - Tatiane Corrêa – Staff Consultoria em RH (na época do coaching)
*3 - Carlos Henrique Almeida (Charles) - Leadevelop

Nenhum comentário:

Postar um comentário